23 de fevereiro de 2006

Vida plena

Há gente que gosta de curtir o tempo, ver ele passar. Há quem prefira não fazer nada. Há também quem fique estressado pelo simples fato de parar para respirar, como se fosse preciso viver cada segundo em um ritmo acelerado.

Durante um bom tempo, fui um desses estressados natos. A idéia de ficar à toa me aflige. Ainda acho que o tempo que vivemos é muito valioso para ser desperdiçado. Porém, o tempo traz um pouco sabedoria para entender que correr nem sempre é viver. Há valor, e muita vida, em pequenos momentos de tranquilidade. Há o ócio criativo, aquele que nos permite alçar vôos mais altos. Também há que fazer opções. Nem tudo é possível, somos todos limitados.

O tempo é um só, e não adianta quer ser tudo, ou fazer tudo. Há que se contentar com muita coisa. Com coisas que os outros fizeram, e que achamos que poderíamos ter feito melhor. Com coisas que nunca vamos poder fazer, seja porque não temos competência, seja porque não temos condições materiais, seja porque temos que fazer opções e alguma coisa acaba tendo que ser deixada para trás.

Em resumo, é necessário entender que uma vida plena exige equilíbrio. Significa viver sem se queimar, fazer a diferença dentro do possível. A ansiedade deve ser substituída não pela resignação conformista, mas pela admiração frente a um mundo que é muito maior do que nós, e pela humildade de desempenhar papéis pequenos e cumprir com dedicação a parte que nos cabe.