Depois de uma evolução inicial acelerada, a tecnologia dos browsers ficou praticamente estagnada nos últimos anos. Recentemente, novas aplicações Web começaram a explorar os limites desta tecnologia com resultados surpreendentes. A aceitação das novas aplicações reabriu o interesse pelo desenvolvimento da tecnologia dos browsers, e uma nova fase de evolução e disputa pelo mercado está sendo anunciada.É cada vez mais óbvio que as aplicações Web estão lentamente tomando conta do dia a dia pessoal e profissional. Com a exceção de atividades em que a interatividade gráfica é essencial (por exemplo, programas de desenho ou de editoração gráfica), já é possível fazer hoje, via Internet, muita coisa que até bem pouco tempo exigia uma aplicação instalada localmente. Isso é facilmente explicável, porque passamos boa parte do nosso dia nos comunicando. A comunicação é a atividade essencialmente humana; mais do que o raciocínio intensivo, é a comunicação que mais toma espaço nas nossas vidas. E a nova geração de aplicações Web leva este fator em conta, trocando um pouco da interação com o micro por uma outra, muito mais rica, com outras pessoas através da rede.
Avanços significativos vem ocorrendo recentemente na área do projeto visual de aplicações Web. Novas técnicas de programação em Javascript tornaram as aplicações muito mais interativas. O GMail é um exemplo disso, mas há inúmeros outros serviços indo na mesma direção. Da mesma forma, muitas práticas incômodas estão sendo lentamente abandonadas. Por exemplo, os sites mais populares praticamente não usam mais 'pop-ups', aquelas incômodas janelinhas que entopem a tela do usuário. O uso de aplicações interativas em Flash é outro sinal dos tempos: os grandes sites agora usam os recursos visuais e auditivos com mais parcimônia. O mesmo não pode ser ditos de inúmeros outros sites, que continuam usando este tipo de recurso, mas que só vão conseguir afugentar mais e mais pessoas.
Curiosamente, a tecnologia que está sendo utilizada hoje para as aplicações Web é basicamente a mesma que já estava disponível há três ou quatro anos atrás. Durante a fase de transição onde o domínio da Microsoft se firmou, a evolução foi acelerada, mas se estabilizou a partir do momento em que o Internet Explorer se tornou o browser dominante. A estabilidade permitiu uma evolução lenta, associando experiências práticas e muita criatividade para desenvolver um novo modo de entender as aplicações Web. Porém, os excelentes resultados de hoje carregam no seu interior os limites da tecnologia atual. Por isso, novos desenvolvimentos estão sendo anunciados. Podemos indicar algumas vertentes:
- O What WG, ou Web Hypertext Application Technology Working Group é um grupo que procura desenvolver extensões às linguagens usadas para desenvolvimento Web (HTML, CSS e JavaScript) visando facilitar o desenvolvimento de novas aplicações Web. O grupo opera paralelamente à W3C (World Wide Worb Consortium), com o objetivo de acelerar o desenvolvimento do padrão, mas com a intenção de submetê-lo à aprovação final assim que obtiver uma base sólida.
- A Macromedia aposta no Flex, uma extensão do Flash orientada para a producão de interfaces visuais ricas. Do Flash, o Flex herda a interatividade e os aspectos mutimídia, mas passa a incluir também a preocupação com o desenvolvedor de aplicações. Infelizmente, o Flex carrega também o preconceito que existe, da parte dos desenvolvedores 'sérios', contra o Flash, que ficou marcado como uma tecnologia de resultados bonitinhos mas incômodos e pouco efetivos.
- O W3C tem suas próprias apostas, e as principais são XForms e o SVG. O SVG parece já ter nascido meio morto, pois a predominância do Flash torna difícil que um substituto possa se impor. Já o XForms entra na briga direta com o WebForms, defendido pelo WhatWG.
- E a Microsoft... não poderia ficar de fora desta briga. A aposta da Microsoft não está na Web como a conhecemos hoje; está no LongHorn, a nova geração do Windows, que utilizará extensivamente uma combinação de XML e comunicação em rede embutida no sistema para tentar dominar de vez este mercado com uma tecnologia proprietária.
Vale a pena falar mais um pouco da Microsoft. Um comentário recente anunciou, de forma bastante contundente, que a Microsoft perdeu a guerra das APIs -- e por extensão, pode perder a guerra pelo controle da Web. É uma afirmação bombástica, mas que vem de fonte segura. O autor, Joel Sposky, é um ex-engenheiro da Microsoft e cronista reconhecido na mídia especializada. Os seus argumentos são igualmente fortes. Ele acredita que a Microsoft não conseguirá sustentar sua posição dominante em um mercado baseado em aplicações Web. Ao perceber isso alguns anos atrás, a empresa interrompeu o desenvolvimento do Internet Explorer, e começou o projeto do que hoje é chamado de Longhorn. Porém, o timing parece ruim para a Microsoft. Com criatividade, os desenvolvedores superaram as limitações dos browsers atuais e conseguiram mostrar o poder das aplicações Web. Por outro lado, o Longhorn vai ficando cada vez mais longe. Nada está certo ainda, mas há uma possibilidade alarmante para a Microsoft, de que ela chegue ao mercado tarde demais, em um mercado já acostumado a soluções abertas, e não consiga mais operar uma transição em larga escala para o Longhorn. A resposta para isso, só o tempo dirá.
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