11 de dezembro de 2007

O paradoxo da memória da Internet

Meu último post, feito já faz alguns dias, foi sobre o tempo. A memória da Internet às vezes me assusta. É possível que daqui a alguns anos, eu venha a me deparar com as coisas que eu escrevo hoje. O que eu vou achar delas no futuro? Será que vão fazer sentido? Será que os artigos que hoje me parecem inofensivos vão ter algum impacto daqui a algum tempo? Será que eles vão me abrir as portas para um novo emprego, ou vão ser o oposto - o motivo para que eu não seja contratado por uma empresa, por conta de uma opinião que foi expressada vários anos antes?

Paradoxalmente, o contrário também é verdade. Não existe uma política de memória consistente na Web. Algumas coisas serão preservadas, outras serão apagadas sem aviso prévio. Recentemente, a morte de um blogger influente (Marc Orchant, que escrevia para a ZDNet e mais recentemente para a BlogNation) levantou essa questão. O David Winer (um dos principais "fundadores" da Web 2.0, criador do RSS e do XML-RPC, entre outros) comenta sobre isso: precisamos de arquivos à prova de futuro, para que as obras de nossa época não desapareçam quando as pessoas que cuidam delas hoje deixarem de fazê-lo.

Essa aparente "falta de critério" é consequência do próprio desenho da Internet. A rede não tem donos, e não tem política única. É um mercado aberto. Ninguém se preocupa se a informação que está na Internet vai ser preservada para o futuro ou não. E da mesma forma, ninguém se preocupa se alguma informação pode inadvertidamente vazar e ficar permanentemente na memória... quando isso seria indesejável.

Esse é o paradoxo da memória da Internet. Eterna, mas também relapsa.

E você? Gostaria de ser lembrado na Internet, ou gostaria que a rede esquecesse de você um pouco?