25 de junho de 2005

Admirando a lua cheia

Ontem eu estava viajando de volta para casa, durante a noite, com um céu limpo e uma lua cheia maravilhosa. Passando sobre uma represa que há no caminho, uma cena perfeita: a lua cheia, baixa no céu, refletindo sobre o espelho d'água. Uma cena maravilhosa.

Ao chegar em casa, coincidentemente, vi um comentário sobre a ilusão de ótica que faz a lua parecer maior quando está no horizonte. Ao que consta, a lua está em um ponto particularmente favorável de sua órbita para a visualização de um efeito que ainda não tem uma explicação universalmente aceita. Há quem ache que o motivo é o efeito Ponzo, uma ilusão que afeta a nossa percepção de objetos que passam pelo céu. Vários objetos, como nuvens, pássaros ou aviões, se movimentam a uma altura constante do solo, e diminuem sensivelmente de tamanho à medida que se distanciam de nós. Devido à distância que a Lua se encontra, não há variação perceptível de tamanho; o cérebro então "compensa" a diferença e aumenta o seu tamanho aparente quando ela se encontra "longe", ou seja, no horizonte. Outra explicação se baseia em um ajuste automático de distância feito pelo cérebro para possibilitar a mudança rápida de foco. Este efeito, conhecido pelo nome de macropsia oculomotor, tem sua explicação baseada na evolução humana e na própria geometria do nosso sistema ocular.

Qualquer que seja a explicação, a lua cheia, próxima ao horizonte, tem uma mística admirável. Como a sua visão sobre o espelho d'água ilustra maravilhosamente...

1 de junho de 2005

Sozinho em uma multidão

Hoje estive em São Paulo a trabalho. Parece estranho para mim, mas fiquei três anos sem ir a SP para nada. A última vez (que eu me lembre) foi para a Telexpo de 2002. Hoje, voltei ao roteiro familiar, indo ao escritório da Cisco, próximo à Marginal Pinheiros. Curiosamente, achei que as coisas estavam mais ou menos do mesmo jeito, apesar do crescimento contínuo da cidade. Mas o que me assustou mesmo foi o Aeroporto de Congonhas.

A obra de reforma do Aeroporto de Congonhas é, sem dúvida, um desafio monumental: atualizar um aeroporto encravado dentro de uma cidade com o metro quadrado mais caro do Brasil não é fácil. Para quem ficou três anos sem ir lá, as dimensões da obra assustam, por que fica uma impressão curiosa: como é que o aeroporto dava conta do volume de vôos antes, com muito menos estrutura? A resposta é simples, ele não dava conta, e a reforma era inevitável. Porém, eu acredito que com a reforma, o local parece ter perdido alguma coisa.

Se você perguntar para qualquer 'frequent flyer' o que ele achava do Aeroporto de Congonhas três anos atrás, imagino que a opinião seja unânime: uma loucura, subdimensionado, engarrafado, com salas de espera apertadas, etc. O que se vê agora é um aeroporto mais moderno, com grandes salas de espera, e túneis mais modernos de acesso às aeronaves. O curioso é que o local continua uma loucura, mas pior; o local se tornou mais impessoal, mais asséptico, quase surreal.

As antigas salas de espera de Congonhas eram apertadas, e tinham pouco espaço para sentar. Porém, por serem várias salas divididas, ficava uma sensação um pouco mais humana. Hoje, em uma sala imensa, misturam-se vôos, companhias e destinos em uma massa única de gente, que atordoa.

Por quê estou escrevendo sobre tudo isso? Acho que esta sensação revela um pouco mais sobre o desconforto humano diante de obras faraônicas, de locais que excedem a nossa capacidade de se sentir à vontade. Talvez como um sonho de projeto esta sensação não seja perceptível, mas na prática, acho que esta sensação é mais comum do que os arquitetos e engenheiros gostariam de admitir. Alguns lugares são frios e desumanos, e quanto maiores, piores ficam. Outros são naturalmente aconchegantes e confortáveis, e talvez neste caso o tamanho não faça a menor diferença. Não sei. Mas ficou para mim a sensação de que o Aeroporto de Congonhas se tornou um lugar absolutamente frio, um lugar para se ficar o menor tempo possível, e onde o tempo de espera parece eterno.