13 de outubro de 2004

A Microsoft e a disputa pela busca na Internet

Ao que parece, o mercado de ferramentas de busca ainda nem começou a esquentar. A Microsoft está desesperadamente tentando recuperar o tempo perdido. Recentemente, veio à tona uma história interessante (e com um lado muito engraçado): a Microsoft tentou, em 1995, comprar a Excite, quando esta ainda era uma pioneira na busca Web, e havia acabado de fechar uma parceria importante com a Netscape. Alguns executivos da Microsoft declaravam que as pessoas não iriam precisar de busca na Internet; depois de encontrar o site desejado uma única vez, guardariam o endereço em seus 'bookmarks'. Hoje, é fácil rir em restrospecto, mas é bom lembrar que nove anos já se passaram, e muitas boas apostas da época deram em nada...

Agora, a briga movimenta muitos setores. O Steve Ballmer declarou recentemente que o Altavista teria sido a "busca 1.0"; o Yahoo, a "busca 2.0"; e o Google, a "busca 3.0". É uma admissão nada ruim para uma empresa que historicamente só acertou a mão depois da versão 3.0 (alguém sequer se lembra do Windows 2.0?). Além disso, a Microsoft agora luta para mostrar que a busca não é um negócio economicamente auto-sustentável. É impressionante como eles lutam pesado. Esta declaração, por exemplo, tem como alvo não a tecnologia, ou os usuários do Google; ela tem como alvo os investidores que apostam no crescimento do Google. Declarações como esta buscam minar a capacidade financeira do concorrente, esvaziando suas ações. É claro que eles não ficam sozinhos nessa -- alguns comentaristas recentemente vem indicando que a Microsoft perdeu o timing da busca, e isso tem impacto financeiro para eles também. Por isso, não há como isolar a guerra pelo mercado de busca da própria fase que a Microsoft vive.

Um grande império como a Microsoft só cresce e se sustenta com uma luta pesada e paranóica contra a concorrência. Mas a longo prazo, a própria teoria da evolução se encarrega de produzir concorrentes cada vez mais bem preparados. Uma coisa que a Microsoft não aprendeu ainda é que, em termos evolutivos, um organismo atinge a sua maioridade quando aprende a conviver bem com o ecosistema do qual faz parte. Um vírus extremamente agressivo mata seu hospedeiro, e isso não é bom para a sua sobrevivência. Com o tempo, o vírus se torna mais atenuado, até que se torne simplesmente um oportunista -- capaz de provocar a doença em casos específicos de baixa resistência, mas também capaz de sobreviver incubado anos a fio sem causar qualquer sintoma.

Para sobreviver, a Microsoft precisa que um mercado exista, e que hajam hospedeiros dispostos a tolerar sua presença, sustentando-a financeiramente. Sua postura paranóica ajudou-a a se posicionar firmemente como a líder. Por outro lado, seu isolamento crescente cria uma situação onde seus concorrentes se tornam cada vez mais preparados para atacá-la. Durante muitos anos, a Microsoft teve muito claro para si quem eram seus ' hospedeiros', e ajudou-os com boas ferramentas, documentação, e suporte. Agora, ela retorna para estes mesmos clientes com ameaças veladas de propriedade intelectual. Não é um parceiro que ninguém queira ter neste momento -- especialmente quando estão em jogo as próprias informações destes clientes, as mesmas que eles desejam ver pesquisadas e classificadas.

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