7 de outubro de 2007

Work 2.0, ou como a Web vai mudar o ambiente de trabalho para sempre

Vamos falar de Web 2.0 - oops, Work 2.0, ou ainda, Office 2.0. Um grande quebra-cabeça está sendo montado: como transformar as "ferramentas de produtividade" atuais, incorporando a comunicação online? As peças começam a se encaixar. São muitas, o que torna as coisas meio confusas. Às vezes ainda se parecem experimentos juvenis ou brinquedos divertidos, mas quando combinados, tem um potencial fabuloso. Vai revolucionar a forma como trabalhamos.

Um exemplo: visto isoladamente, o Google Apps não parece assim tão interessante. Os dados ficam no servidor do Google e não no seu micro. Os recursos são relativamente limitados se comparados ao Office. A velocidade também deixa a desejar. Parece mais fácil e mais rápido editar textos, planilhas e apresentações no seu micro, usando o MS Office. Certo?

Errado. O problema é que estamos tão acostumados a pensar em termos de arquivos que esquecemos de pensar em termos de processos. Arquivos, documentos, diretórios. Em pleno Windows Vista, ainda estamos presos ao paradigma do CP/M (para os que tem menos de 40, o precursor do DOS e portanto, de toda família de sistemas operacionais da Microsoft). Esse problema contamina a própria forma como usamos os computadores no ambiente de trabalho.

A idéia do Microsoft Office não é muito diferente da idéia de uma máquina de escrever eletrônica. Você recebe uma tarefa, trabalha nela no seu micro, e repassa o resultado para outro. Eletronicamente, ficou fácil copiar o resultado. Porém isso sempre deixa um rastro de versões antigas, trabalho duplicado, e informação inconsistente. Falta contexto. Os documentos existem isoladamente fora do processo no qual foram criados. Essa informação se perde e torna impossível recuperar o processo em qualquer ponto do passado.

A "solução" para o problema foi usar o email. É a solução errada para o problema errado. Email é ferramenta de comunicação pessoal. Por falta de algo melhor, se tornou a ferramenta para comunicação corporativa. E os processos sofrem com isso.

Com a Web 2.0, tudo muda. Não se fala mais em arquivos. Por incrível que pareça, nem se fala em URLs. O ponto essencial é a capacidade de combinar elementos dinamicamente. E aí, se torna possível pensar em processos, ou em fluxo de informação. Esse fenômeno está acontecendo agora, de forma totalmente modular. Não dependemos mais da Microsoft e do seu ciclo cada vez mais lento de desenvolvimento. Na Web 2.0, ainda não há controle centralizado, o que torna a inovação possível. Nos EUA, é cada vez mais barato criar uma startup, e milhares de idéias estão sendo experimentadas ao mesmo tempo. É uma profusão de criatividade como poucas vezes se viu.

Um ambiente de "Work 2.0" permitirá integrar melhor todos os membros de uma equipe de forma transparente. Permitirá que a informação seja armazenada com todos os seus "links", com o contexto preservado. Permitirá que a interação com o cliente seja armazenada como parte do próprio processo. Libertará as conversações da "ditadura da caixa de correio", permitindo que outras pessoas possam entender como as coisas foram feitas e assumir a atividade dali por diante.

Muito disso já pode ser feito hoje, mas ainda exige um bocado de paciênca e muita coragem. Porém os tempos mudam rápido, e em poucos anos, nosso ambiente de trabalho será radicalmente do que vivemos hoje. Ainda está cedo, mas o impacto não se restringe aos computadores e sistemas - deve mudar a forma como as empresas funcionam. São tempos excitantes logo à frente.

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