13 de outubro de 2007

Novidades em vídeo na Web - agora com legendas!

Sinto falta de uma feature no YouTube: legendas. Há vídeos interessantes, mas em inglês e sem legendas. Não dá para compartilhar com todo mundo. Adicionar as legendas ao filme é um processo complicado: é preciso baixar o filme, editar o filme sobrepondo as legendas, e colocar o filme de novo no YouTube. Como o YouTube não permite baixar os filmes no formato original, é necessário usar algum dos "hacks" existentes para essa finalidade. A qualidade do filme é ruim e fica pior ainda com a legenda aplicada. Com vídeo bem "paradinho" até que funciona, mas dependendo da velocidade do vídeo a legenda fica ilegível.

Porque o YouTube não permite aplicar as legendas, em formato texto, diretamente sobre o vídeo que está sendo tocado? É tão complicado assim?

Parece que não. Achei hoje (via Scoble) um novo serviço de vídeo legendado. O dotSub permite aplicar as legendas diretamente no vídeo, permitindo selecionar até 100 idiomas para o mesmo vídeo. Os usuários registrados podem participar do processo, submetendo novas legendas para os vídeos postados. O site não tem ainda nem de perto o volume do YouTube, mas a qualidade é boa. Talvez devido à sua proposta, achei algumas boas revistas eletrônicas, como o Common Craft Show, que tem vídeos interessante como este que explica o que são as redes sociais:



Outro site interesante que está experimentando com os recursos do dotSub é o Pop!Tech. É um evento visionário na mesma linha do TED, com palestras de pessoas que estão fazendo coisas para "mudar o mundo". Algumas palestras do Pop!Tech já tem legendas, inclusive em português, como a palestra do Chris Anderson, editor da Wired, sobre uma idéia revolucionário: a nova economia da abundância:



Agora que um concorrente já tem essa funcionalidade, resta aguardar para que o líder do setor, o YouTube, se mexa. Quem sabe eles dão um passo adiante e suportam não somente legendas... mas também trilhas de áudio diferenciadas, com dublagem? Se tudo isso puder ser feito de forma colaborativa, melhor ainda. Afinal, a Web 2.0 somos nós:

12 de outubro de 2007

Web multimídia - uma questão de tempo

A Web multimídia está chegando. Para que ela se dissemine, é uma questão de tempo, no sentido mais amplo da palavra.

Lidar com uma quantidade de informação cada vez maior é um grande desafio. Nossa capacidade de consumir informação é limitada. Existem técnicas diversas para acelerar a leitura, ou para gerenciar melhor as atividades, descartando rapidamente o que for irrelevante. Porém existe um limite, que é o tempo. Podemos fazer melhor uso do tempo, mas não podemos criar mais horas de trabalho. É a vida.

A questão do tempo se torna ainda mais evidente com a transição da web escrita para a web multimídia. Apesar da má vontade de muita gente (talvez da maioria), a leitura ainda é o meio mais eficaz de consumir informação. A leitura tem uma grande vantagem - ela não é limitada pelo tempo, da mesma forma que um vídeo ou um podcast são. É possível passar os olhos rapidamente sobre um texto e ter uma idéia do que está escrito. Isso não funciona tão bem com um documentário. Por isso o tempo vai se tornar ainda mais importante do que é hoje.

Estamos vivendo o nascimento da Web multimídia. Já é possível desligar a TV e consumir notícias e trocar idéias somente com vídeos distribuídos pela Internet. Se você ainda não tentou, experimente. A qualidade ainda é variável, mas a possibilidade de obter perspectivas diferentes compensa. Existem vídeos excelentes que você nunca teria oportunidade de assistir, se não fosse o YouTube. Você também vai ver que a Web multimídia é democrática, e nivela os consumidores. O limite não é a velocidade de leitura, porque o tempo para assistir um vídeo é igual para todos. É nesse ponto em que surge um problema.

A maioria dos vídeos amadores postados no YouTube tem menos de dez minutos. Muitos tem menos de cinco minutos, e uma grande quantidade de clips dura apenas uns poucos segundos. Porém, à medida que a produção se profissionaliza, parece que surge uma tentação irrefreável de publicar mais material. É a síndrome da entrevista não editada. São vídeos de uma hora ou mais de duração, cheios de pausas para respirar, tiradinhas do entrevistador, interjeições (os "ahã" pontuando a conversa), etc. Se você estuda e/ou trabalha, é claramente impossível assistir mais do que um ou dois vídeos desses por dia. Não vale a pena.

Porque esses vídeos são tão longos? É simples: editar vídeos não é fácil. Primeiro, porque consome muito tempo por parte do editor. E segundo, porque cortar material "dói". É só olhar para sua própria coleção de fotos digitais que você vai entender o que eu estou dizendo (quantos arquivos você deveria ter deletado da coleção e não teve coragem de apagar?). Superar esses pontos é fundamental para alavancar o potencial da Web multimídia da melhor forma possível.

Se você pretende entrar na Web multimídia produzindo seus vídeos, lembre-se disso: um bom editor tem um controle mágico do tempo, que se multiplica pela audiência. Um vídeo gravado em uma hora assistido por dez pessoas, consome onze horas no total. Invista três horas do seu tempo reduzindo o vídeo para 15 minutos (mantendo o tema central intacto); o tempo total cai para cinco horas e meia. Metade do tempo. Você pode até argumentar que o tempo poupado não é seu. Esteja certo que esse tempo eventualmente voltará para você, seja porque as suas conversas serão mais pontuais; ou porque você atingirá um público maior; ou porque vai sobrar tempo para as outras pessoas produzirem material bem produzido e curto, que não vai tomar tanto o seu tempo. Lembre-se: o tempo é precioso.

7 de outubro de 2007

Work 2.0, ou como a Web vai mudar o ambiente de trabalho para sempre

Vamos falar de Web 2.0 - oops, Work 2.0, ou ainda, Office 2.0. Um grande quebra-cabeça está sendo montado: como transformar as "ferramentas de produtividade" atuais, incorporando a comunicação online? As peças começam a se encaixar. São muitas, o que torna as coisas meio confusas. Às vezes ainda se parecem experimentos juvenis ou brinquedos divertidos, mas quando combinados, tem um potencial fabuloso. Vai revolucionar a forma como trabalhamos.

Um exemplo: visto isoladamente, o Google Apps não parece assim tão interessante. Os dados ficam no servidor do Google e não no seu micro. Os recursos são relativamente limitados se comparados ao Office. A velocidade também deixa a desejar. Parece mais fácil e mais rápido editar textos, planilhas e apresentações no seu micro, usando o MS Office. Certo?

Errado. O problema é que estamos tão acostumados a pensar em termos de arquivos que esquecemos de pensar em termos de processos. Arquivos, documentos, diretórios. Em pleno Windows Vista, ainda estamos presos ao paradigma do CP/M (para os que tem menos de 40, o precursor do DOS e portanto, de toda família de sistemas operacionais da Microsoft). Esse problema contamina a própria forma como usamos os computadores no ambiente de trabalho.

A idéia do Microsoft Office não é muito diferente da idéia de uma máquina de escrever eletrônica. Você recebe uma tarefa, trabalha nela no seu micro, e repassa o resultado para outro. Eletronicamente, ficou fácil copiar o resultado. Porém isso sempre deixa um rastro de versões antigas, trabalho duplicado, e informação inconsistente. Falta contexto. Os documentos existem isoladamente fora do processo no qual foram criados. Essa informação se perde e torna impossível recuperar o processo em qualquer ponto do passado.

A "solução" para o problema foi usar o email. É a solução errada para o problema errado. Email é ferramenta de comunicação pessoal. Por falta de algo melhor, se tornou a ferramenta para comunicação corporativa. E os processos sofrem com isso.

Com a Web 2.0, tudo muda. Não se fala mais em arquivos. Por incrível que pareça, nem se fala em URLs. O ponto essencial é a capacidade de combinar elementos dinamicamente. E aí, se torna possível pensar em processos, ou em fluxo de informação. Esse fenômeno está acontecendo agora, de forma totalmente modular. Não dependemos mais da Microsoft e do seu ciclo cada vez mais lento de desenvolvimento. Na Web 2.0, ainda não há controle centralizado, o que torna a inovação possível. Nos EUA, é cada vez mais barato criar uma startup, e milhares de idéias estão sendo experimentadas ao mesmo tempo. É uma profusão de criatividade como poucas vezes se viu.

Um ambiente de "Work 2.0" permitirá integrar melhor todos os membros de uma equipe de forma transparente. Permitirá que a informação seja armazenada com todos os seus "links", com o contexto preservado. Permitirá que a interação com o cliente seja armazenada como parte do próprio processo. Libertará as conversações da "ditadura da caixa de correio", permitindo que outras pessoas possam entender como as coisas foram feitas e assumir a atividade dali por diante.

Muito disso já pode ser feito hoje, mas ainda exige um bocado de paciênca e muita coragem. Porém os tempos mudam rápido, e em poucos anos, nosso ambiente de trabalho será radicalmente do que vivemos hoje. Ainda está cedo, mas o impacto não se restringe aos computadores e sistemas - deve mudar a forma como as empresas funcionam. São tempos excitantes logo à frente.