2 de outubro de 2005

Cinema, plebiscito, e a falácia do consenso

Li hoje que a indústria de Holywood finalmente começou a admitir que a queda de faturamento que ocorreu este ano não se deve à alta do petróleo ou o terrorismo internacional, mas sim porque os filmes eram ruins mesmo. E eram, isso é fato. O artigo também comenta que o conservadorismo dos estúdios faz com que filmes independentes, que assumem maiores riscos, pareçam bons em comparação.

Esta história me leva a pensar em outra relacionada: até que ponto dá para acreditar na opinião das pessoas? Em outras palavras, será que as pessoas sabem realmente o que querem? Eu sinceramente duvido. Em um teste de audiência, imagino que muita gente possa considerar o final de um filme ruim, pedindo uma mudança -- um final feliz, por exemplo. Mas este mesmo final feliz pode tirar toda a graça da história; ironicamente, na intenção de agradar, o filme pode acabar se tornando um fracasso.

Acho que muitas vezes, nós precisamos ser provocados. Precisamos da polêmica, precisamos discordar. Ao tentar agradar a todos, a indústria do cinema consegue apenas se tornar asséptica e sem sabor. Mas será que ela é a única a fazer isso? Suspeito que não. A busca do consenso é uma das grandes falácias da democracia (segundo Churchill, o pior sistema de governo que existe excetuando todos os outros). Não há muita opção, é verdade, mas o risco existe.

Todo este argumento nos leva ao plebiscito sobre a proibição de venda de armas. Não sei se este plebiscito é uma boa idéia. Ao forçar uma decisão, cria-se uma polarização total, cujo resultado pode ser imprevisível. Se a possibilidade da venda de armas for mantida, podemos começar a viver uma nova era, incluindo aí a possibilidade de marketing de armas, e até de uma 'corrida às armas' caseiras. A . Já o voto no 'sim' também oculta riscos semelhantes; que o desarmamento seja acelerado em um país que hoje ainda não oferece as condições de segurança para que ele seja levado às últimas consequências. O pior é que, qualquer que seja o resultado, vai ficar a dúvida: será que as pessoas sabem realmente o que querem?

Nenhum comentário: