21 de setembro de 2005

O tamanho ideal

Você acha que uma operadora de telecom deva ter conteúdo próprio? Tenho minhas dúvidas. Por trás desta pergunta, há uma série de premissas comuns no mundo corporativo:

  • A empresa precisa ter controle do cliente;
  • A empresa deve explorar todas oportunidades de negócio com o cliente;
  • A empresa deve se antecipar às necessidades do cliente...


Isoladamente, não há nada demais com estas premissas; mas quando aplicadas em conjunto, elas levam ao gigantismo, e consequentemente, a um nível de ineficiência que consome toda economia de escala que uma grande empresa poderia obter. A empresa perde o foco, e deixa de pensar em atender o seu cliente; a manutenção do status quo se torna o seu objetivo máximo.

Porque é tão difícil para uma empresa se manter no tamanho ideal? Uma das razões é a necessidade de manter o crescimento, especialmente para empresas de capital aberto. Outro motivo é o fato de ser muito difícil tomar decisões difíceis, especialmente de enxugamento. No caso das operadoras, o pânico se explica pelo temor de que o seu modelo de negócio não parece ser sustentável a longo prazo. Na telefonia fixa, a concorrência de tecnologias como WiFi e VoIP é um problema real. No mercado de telefonia móvel, há uma queda forte na receita por assinante; o retorno está vindo com o negócio de conteúdo: jogos, torpedos e principalmente a venda de ringtones.

Estes resultados sugerem que o negócio de conteúdo é essencial para a sobrevivência das empresas de telefonia. Mas eu discordo. Penso que o mercado seria muito melhor servido se as empresas de telecom focassem seus esforços em serem boas naquilo que fazem bem: fornecer a infraestrutura de comunicação. Se as margens não são aquilo que costumavam ser, ou se a empresa não é mais tão rentável, a resposta correta não é expandir procurando novos negócios -- é cortar custos e administrar melhor, trabalhando com maior eficiência. A mesma tecnologia que ameaça as empresas está aí para serví-la, abrindo novas frentes de negócio. Basta ter a coragem necessária para enfrentar os fatos, e se adequar à nova realidade que já se impõe.

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