31 de maio de 2005

Defendendo idéias ruins com argumentos inteligentes

Esta é uma situação comum em qualquer ambiente: pessoas reconhecidas pela sua inteligência defendem, muitas vezes com insistência, posições absolutamente esdrúxulas. Em muitos casos, a defesa da idéia se torna um fim em si mesmo. Recebi hoje um artigo interessante sobre o tema: por quê pessoas inteligentes defendem idéias ruins. A explicação rápida diz que isso ocorre simplesmente porque elas acham muitas vezes mais importante ganhar o debate do que qualquer outra coisa. Obviamente, as coisas não são tão simples; diversos fatores interferem, e podem tornar o processo extremamente complexo e difícil de lidar.

A chave do processo é o uso da lógica como instrumento de poder; uma pessoa inteligente muitas vezes usa seus recursos de argumentação para vencer uma discussão. Neste processo, a validade das idéias em jogo deixa de ser importante; o que interessa é ganhar a discussão, e assim, provar quem está certo.

É inevitável a comparação entre sabedoria e inteligência. A civilização ocidental foca na inteligência -- a capacidade de pensar -- enquanto a oriental foca na sabedoria, que pode ser entendida como saber sobre o quê pensar. A 'inteligência' sem direção é inútil, pois a argumentação se torna um fim em si mesma. Também é importante saber adotar a perspectiva correta; novamente, a sabedoria é o guia, evitando o foco em critérios que na prática são irrelevantes, ou até mesmo incorretos.

É difícil para mim não me colocar nos exemplos dados; muitas vezes, me peguei defendendo posições ruins apenas pelo orgulho de defendê-las (algumas vezes com sucesso, outras não). Interromper o processo não é fácil, porque pressupõe o desenvolvimento de uma capacidade de auto crítica que muitas vezes não é encorajada, particularmente em crianças que se destacam. Em retrospecto, isso é muito fácil de entender, mesmo que no dia a dia seja difícil de evitar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eduardo Rabboni >

É Carlito e assim vamos tocando a vida, às vezes defendendo idéias que concordamos e acreditamos, às vezes defendendo idéias pelo prazer da defesa... daí pra entender porque tantas vezes na vida deparamo-nos com argumentações que nunca cedem espaço, ou sejam nunca se flexibilizam....ora se se está defendendo uma idéia pelo prazer de o fazer, como se daria a flexibilização? Seria de per si a assunção de que erramos (ou pior...de que perdemos) Muito boa a tua discussão. Um abraço