27 de agosto de 2004

Deus nos salve dos analistas de sistemas

Analistas de sistemas são profissionais à parte. Habituados a entender de forma única o linguajar dos computadores, são muitas vezes vistos com uma certa veneração por aqueles que não compartilham de sua visão particular das coisas. Com a presença insidiosa de sistemas em nossa vida cotidiana, o analista de sistemas torna-se cada vez uma figura representativa de um novo paradigma que coordena as relações entre o homem e o mundo ao seu redor.

Atualmente, tudo é pensado em termo de sistemas. A organização lógica requerida para a tradução para os computadores também ajuda a analisar sob uma perspectiva matemática qualquer outro tipo de processo humano. Hoje, tudo é feito em nome de uma meia dúzia de termos comuns no jargão de sistemas: otimização, organização, hierarquias, segurança, fluxo de informações.

O resultado infeliz desta sistematização desenfreada está por toda a parte. Você pode encontrá-lo quando procura por uma informação e não acha. Está tudo lá, armazenado do jeito que o computador pede: em hierarquias bem definidas, com barreiras de acesso criadas em nome da segurança, e por aí vai. Até se chegar no ponto desejado, damos inúmeras voltas, até perdermos a paciência ou perguntarmos para o mestre dos mestres onde está o que desejamos. Dependendo da sua paciência, ele lhe dirá entre um e outro resmungo que basta procurar dentro da pasta x, opção y, e lá está a informação que você deseja. Bingo! Faz sentido para a máquina. Mas porquê então não estruturar as coisas de uma forma que faça sentido para nós, seres humanos?

Felizmente, nós ainda somos seres humanos, e não temos as mesmas restrições das máquinas. Somos capazes de localizar informações dentro de nossa mente muito mais rápido do que qualquer sistema automatizado poderia sonhar em fazer, mesmo se a tecnologia não fosse ainda tão rudimentar. E mesmo assim, somos constantemente obrigados a pensar como máquinas. Neste processo, perdeu-se o sentido do óbvio. O bom senso foi substituído pela sistematização desenfreada. Espero que não demore muito tempo até que alguém perceba que se há sistemas, foram feitos para que nós, seres humanos, os utilizássemos -- não o contrário.

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